O rancor do tempo

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Luís Alencar | Fortaleza CE
A natureza já reclama
de tantas memórias riscadas
talhadas
na superfície
de seus troncos

e reclama por crescer
por enriquecer e transformar
mantendo tantas histórias acabadas
vivas.

As folhas caem
na esperança de cobrir as letras
com um rápido véu esverdeado
e o manto único das águas
nas chuvas
as ajudam nesse papel
sem sucesso

e como as árvores se dá
meu esquecimento
e o manto e véu
são as fracassadas tentativas
de me esquivar
do que a memória não permite.

Não fujo pois acredito na força
e apanho de todas as direções
e sofro escutando as vozes
cheias de condenações
e de pedidos desesperados.

De mim escuto as pancadas
e trovões relâmpagos raios tempestades
destruição por toda parte
querendo romper todas as barreiras
do insuperável

e assim se dá o fim do mundo
que começou como um disfarce
e uma tentativa de apagar
como borracha em lápis fraco
depois vindo o caos
as demolições e desabamentos
as violências e o sangue
que escorre como forma de seiva
por ferimentos nas árvores.

Quem diria que teu nome
apenas o primeiro
tantas poucas letras...
quem diria.

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