O que fez de mim

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Luís Alencar | Fortaleza CE
Faça de mim
o que bem quer
e entenda que o “não”
de ontem
hoje nada mais é
que uma lufada de ar

e os braços enfraquecidos
pernas tortas
e mente e costas extremamente
pesadas
não estarão no teu caminho.

Meu conforto agora
é assistir tuas vontades
com duplo sentido
e esperar as próximas
decisões.

Não reconheço mais
o homem de agora
e nem a fé antes depositada
na urna do futuro.

A chuva torna-se iluminada
e as nuvens condensadas
escuras
enfeites de um quarto qualquer.

Não estou triste contigo
saiba disso
continuo vendo meu futebol
apanhando de jogos de azar
me irritando com alarmes
e sirenes
de prédios
não há tristeza.

Este sou eu descamado
não desalmado.

Este sou eu após tocarem
meu coração
com unhas e dentes
arrancarem
e levarem para a Ásia.

Então aceito
obedientemente
tuas formas e regras
e vivo este momento
dedicando cada instante
à destruição das máscaras.

Iremos nos acostumar, em breve.
Iremos.

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