Minha metamorfose

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Cícero Viturino | Maceió AL
Em meu corpo retido e feio que se atrofia
Em minha última lira triste que se definha
Serei o vômito mal cheiroso do cão que agoniza
Na mudança progressiva e derretida que me paralisa.

Deitado ao escuro forro e bem guardado
No lutuoso e lúgubre sonho soterrado
Na transformação desprezível e indiscutível
Da lucidez faminta e recíproca dos meus bichos.

Na multidão das células mortas que me cercam
Na rigidez dos meus lábios roxos que se secam
Tal estado putrefato na lama azeda do meu baço

Ao fim da ilusão da vaidade da matéria
Transformo-me na putrescina butanodiamina que me espera
Na decomposição final dos meus aminoácidos.

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