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A. Marshall | Jundiaí SP
Sob os cascos do corcel que na coragem se fez livre
Rangem pedras de um asfalto que emoldura a longa trilha
O dorso aveludado que se encaixa ao condutor
O ronco furioso de animal em disparada
Ruge o vento em seus cabelos e os transforma em longa crina
Negra como o piche e esvoaçante como o tempo
A prata que o recobre traz aos olhos seus matizes
Que vibram quando o sol lhe pousa um toque incandescente
Nas vestes de guerreiro a seda encontra o linho inglês
Os olhos de falcão por trás de lentes delicadas
Moldadas pelo ouro de um garimpo tão distante
Serenam a visão do caçador atrás da presa
O couro sobre os pés se molda à fina simetria
Valor inestimável de uma vida que se foi
Perdida para sempre num abate insaciável
Cedendo a própria pele aos que da moda se alimentam
Veloz ele acentua o seu poder sobre os demais
Vazando a senda cinza como a flecha mais ligeira
Seu peito se dilata e num sorriso quase opaco
Sente a condição de um rei felino em plena selva
A rota que o acolhe chega aos vales de cimento
Onde prédios se acomodam e as pessoas se endurecem
Manadas se deslocam num compasso intermitente
Seguindo em luzes verdes e estacando novamente
O bafo do animal exala as brumas de etanol
O uivo assoma ao coro de buzinas inclementes
Selvagem como a fúria de uma lança em meio à guerra
Se lança na disputa pela caça mais formosa
Olhares o contemplam como o canto de uma Iara
Sedenta sedução que rege a essência mais primária
No macho que se rende à condição de predador
Não vendo que obedece a um rito eterno e visceral
Como reprimir o que os milênios erigiram?
Como não ceder às intempéries da razão?
Precária condição de uma verdade que se arrasta
E já não satisfaz a sensatez que habita em muitos
Silvícola que ostenta a covardia como adorno
Abala-se com pouco e sobrevive à custa alheia
Da terra se esqueceu e dos valores se afastou
Padece sob um céu onde as estrelas são de vidro
Na boca o alimento já não traz o mesmo gosto
A carne nutre a carne com venenos tão sutis
Nas águas cristalinas não sacia mais a sede
Que habita a língua escrava de prazeres palatáveis
Nas veias não mais pulsa a rubra força de seu sangue
Na floresta feita em aço condenou-se aos apetites
Sem notar que o tempo exige muito mais de quem se esquece
E desdenha das origens demarcadas em sua alma.
Rangem pedras de um asfalto que emoldura a longa trilha
O dorso aveludado que se encaixa ao condutor
O ronco furioso de animal em disparada
Ruge o vento em seus cabelos e os transforma em longa crina
Negra como o piche e esvoaçante como o tempo
A prata que o recobre traz aos olhos seus matizes
Que vibram quando o sol lhe pousa um toque incandescente
Nas vestes de guerreiro a seda encontra o linho inglês
Os olhos de falcão por trás de lentes delicadas
Moldadas pelo ouro de um garimpo tão distante
Serenam a visão do caçador atrás da presa
O couro sobre os pés se molda à fina simetria
Valor inestimável de uma vida que se foi
Perdida para sempre num abate insaciável
Cedendo a própria pele aos que da moda se alimentam
Veloz ele acentua o seu poder sobre os demais
Vazando a senda cinza como a flecha mais ligeira
Seu peito se dilata e num sorriso quase opaco
Sente a condição de um rei felino em plena selva
A rota que o acolhe chega aos vales de cimento
Onde prédios se acomodam e as pessoas se endurecem
Manadas se deslocam num compasso intermitente
Seguindo em luzes verdes e estacando novamente
O bafo do animal exala as brumas de etanol
O uivo assoma ao coro de buzinas inclementes
Selvagem como a fúria de uma lança em meio à guerra
Se lança na disputa pela caça mais formosa
Olhares o contemplam como o canto de uma Iara
Sedenta sedução que rege a essência mais primária
No macho que se rende à condição de predador
Não vendo que obedece a um rito eterno e visceral
Como reprimir o que os milênios erigiram?
Como não ceder às intempéries da razão?
Precária condição de uma verdade que se arrasta
E já não satisfaz a sensatez que habita em muitos
Silvícola que ostenta a covardia como adorno
Abala-se com pouco e sobrevive à custa alheia
Da terra se esqueceu e dos valores se afastou
Padece sob um céu onde as estrelas são de vidro
Na boca o alimento já não traz o mesmo gosto
A carne nutre a carne com venenos tão sutis
Nas águas cristalinas não sacia mais a sede
Que habita a língua escrava de prazeres palatáveis
Nas veias não mais pulsa a rubra força de seu sangue
Na floresta feita em aço condenou-se aos apetites
Sem notar que o tempo exige muito mais de quem se esquece
E desdenha das origens demarcadas em sua alma.