O pintor, o músico e o poeta

  P042  
Cocota-San | Natal RN
Há telas por pintar.
Há sonetos por fazer.
Há canções por cantar.
Pego o lápis e o pincel,
Faço riscos no céu,
Enquanto nu vens a mim

Pinto nu
Pinto nuvens
Pinto girassóis
E meus lençóis
Giram, giram, giram,
Ao sabor do giro das emoções.

Desafino a nota.
Afino o lápis
E escrevo aquarelas da percepção,
Umas ditas outras pintadas,
Umas malditas,
Outras inventadas.

Falo
Palavra indecente,
Emoções por pintar,
Palavrões por dizer,
Notas soltas da escala musical.

Lá! Suga-me lá.
Ré! Repete-me sol.
Si! Ai si, si, si.

— Temo as línguas covardes.
Adoro línguas entrelaçadas.
— Que dizes, menina louca?
Se as aquarelas são tão poucas
E se as notas não se afinam,
Tal qual a luz do meu quarto,
Escrevendo nas paredes
Imagens que não consigo transformar em versos.

Gosto quando ficas imóvel
E fazes que não me escuta.
Finjo-me de rei e a teus pés,
Calado e absorto. Exclamo!
Bela! De toda beleza és flor.
Abra a boca, solte o grito
Faça de seus impudicos pensares
Cânticos sangrando emoção
Tal qual vômito de palavras
Exalando escárnio, podridão
Se é para não dizer nada
Acenda um cigarro
E lentamente inspire

Blogger | Mod. Ourblogtemplates.com (2008) | Adaptado e editado por Flávio Flora (2018)

Voltar