Curta metragem

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Dersu Uzala | Cabo Frio RJ
Cruzou as tendas rapidamente
procurou por um sinal
Uma história tão antiga, teria sido delírio?

Esmiuçava cada canto
o sangue brotava das cadeiras aveludadas
espalhava-se pelos tapetes

Rompeu os cordões de isolamento
correu pela rua até perder-se do próprio corpo
restos de pele esgarçada

Surgiram bonecos vestidos de branco
e a levaram em um grande carro que balançava muito
parecia o embalo do colo materno
sorriu ao ter a sensação do corpo embalado

Colocaram–lhe instrumentos sonoros
gemidos dançavam na tela
sussurravam palavras organizadas
pensou: por onde ele estaria nesta hora?
por certo saberia onde encontrá-la
Seriam dois corpos fundidos, identidades somadas.

O carro acelerava
o teto abriu e deixou as estrelas à vista
Há muito tempo não via tantas estrelas
lembrou do medo que tinha da noite, do ranger do assoalho
Sobrou àquela angústia da procura; por onde ele estaria?
talvez estivesse ali incógnito, parte do cenário

Um raio partiu o universo em dois
caiu no abismo profundo
na queda apenas um desejo que não sentisse dor

O perdão não lhe era próprio
não estava pronta para descer ao inferno
calculou o resto de tempo,
dez minutos seriam suficientes para retornar ao caminho
cruzar as tendas e tudo em volta retornaria a condição inicial
e nos letreiros dos aparelhos surgiria: game is over.

Blogger | Mod. Ourblogtemplates.com (2008) | Adaptado e editado por Flávio Flora (2018)

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