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Amora | Niterói RJ
No meu tempo
Quando era criança
Tempo das vacas gordas
Ainda diz minha mãe
O mundo parecia mais cheio
O relógio não corria e dava tempo
Que o tempo era lento
Deixava a gente rir
Deixava a gente brincar
E também tinha que estudar
O professor era gente
Que se fazia respeitar
Com nossas mentes ativas
Tínhamos ideias criativas
Construíamos nossos próprios brinquedos
Feitos de imaginação
Brincávamos com a sombra
Que virava gente, que virava bicho
E aprendíamos com isso
Curso de teatro que nada
Era mesmo o improviso do ato
Era crer nas fadas e bruxas
Ter medo do escuro
E se sentir segura
Quando a mãe dizia
Tem nada guria
Era caminho pra correr
Bom mesmo era se esconder
Escalar as pequenas encostas de terra
Fazer massa de lama
Pra ter a fama
Das nossas panelinhas de barro
Do próprio jarro que conseguíamos fazer
Brincar de guerra
Chegar à noite com dor de perna
De tanto correr de tanto brincar
De tanto criar
Havia muito tempo pra sonhar
Que antes de dormir já de luz apagada
Sobrava tempo pra conversar
Porque a boca não calava
Cochichando com os primos
Que vinham nos visitar
Éramos mais que quatro
Vizinhos de porta
Trocávamos torta pra cantar parabéns
Pra animar a festa
Nós éramos a orquestra
E às vezes saia um joelho ralado
Uma batida na testa
Um roxo bem roxo
E o galo cantando de tanto brincar
Sabíamos o nome da rua inteira
E a rua nos conhecia
Descendo morro abaixo
Aprendendo a pedalar
Respirando, colocando as mãos no ar
Quando voltávamos da escola
Com o dinheiro certo na sacola
Era o da passagem
Que usávamos pra comprar amendoim
E íamos embora debaixo da chuva
Sem guarda chuva
Corríamos na água
Embebidos nas poças
Depois tomávamos banho quente
Pra não ficar doente
Ficávamos de castigo
Pra não repetir mais aquilo
Todo domingo era dia de missa
Só tinham anjos sentados nos bancos
Respeitávamos a fé
E acreditávamos em Deus
Tanto pra contar
Nossas estórias mirabolantes
Um mundo tão andante
Hoje olho mais adiante
Criança brinca de tablet
Passa batom pra combinar
Segue a moda e escolhe a própria roupa
Vai à escola de carro
E se tiver que andar uma quadra
Já se cansa
Sem exagerar
Tem criança
Que não sabe o brincar
Nem existe o desesperar
Procura logo o adulto
Porque não pisa no chão, nem usa a mão
Pra criar da própria imaginação
Desconhecendo a canção tão antiga
Criança feliz
Quebrou o nariz
Foi pro hospital
Tomar sonrisal
Oh meu bom Jesus
Que a todos conduz
Olhai as crianças
Do nosso Brasil
Vamos decretar uma lei
Que se cumpra
É proibido adulto estragar a criança
É proibido criança não ser mais criança
Quando era criança
Tempo das vacas gordas
Ainda diz minha mãe
O mundo parecia mais cheio
O relógio não corria e dava tempo
Que o tempo era lento
Deixava a gente rir
Deixava a gente brincar
E também tinha que estudar
O professor era gente
Que se fazia respeitar
Com nossas mentes ativas
Tínhamos ideias criativas
Construíamos nossos próprios brinquedos
Feitos de imaginação
Brincávamos com a sombra
Que virava gente, que virava bicho
E aprendíamos com isso
Curso de teatro que nada
Era mesmo o improviso do ato
Era crer nas fadas e bruxas
Ter medo do escuro
E se sentir segura
Quando a mãe dizia
Tem nada guria
Era caminho pra correr
Bom mesmo era se esconder
Escalar as pequenas encostas de terra
Fazer massa de lama
Pra ter a fama
Das nossas panelinhas de barro
Do próprio jarro que conseguíamos fazer
Brincar de guerra
Chegar à noite com dor de perna
De tanto correr de tanto brincar
De tanto criar
Havia muito tempo pra sonhar
Que antes de dormir já de luz apagada
Sobrava tempo pra conversar
Porque a boca não calava
Cochichando com os primos
Que vinham nos visitar
Éramos mais que quatro
Vizinhos de porta
Trocávamos torta pra cantar parabéns
Pra animar a festa
Nós éramos a orquestra
E às vezes saia um joelho ralado
Uma batida na testa
Um roxo bem roxo
E o galo cantando de tanto brincar
Sabíamos o nome da rua inteira
E a rua nos conhecia
Descendo morro abaixo
Aprendendo a pedalar
Respirando, colocando as mãos no ar
Quando voltávamos da escola
Com o dinheiro certo na sacola
Era o da passagem
Que usávamos pra comprar amendoim
E íamos embora debaixo da chuva
Sem guarda chuva
Corríamos na água
Embebidos nas poças
Depois tomávamos banho quente
Pra não ficar doente
Ficávamos de castigo
Pra não repetir mais aquilo
Todo domingo era dia de missa
Só tinham anjos sentados nos bancos
Respeitávamos a fé
E acreditávamos em Deus
Tanto pra contar
Nossas estórias mirabolantes
Um mundo tão andante
Hoje olho mais adiante
Criança brinca de tablet
Passa batom pra combinar
Segue a moda e escolhe a própria roupa
Vai à escola de carro
E se tiver que andar uma quadra
Já se cansa
Sem exagerar
Tem criança
Que não sabe o brincar
Nem existe o desesperar
Procura logo o adulto
Porque não pisa no chão, nem usa a mão
Pra criar da própria imaginação
Desconhecendo a canção tão antiga
Criança feliz
Quebrou o nariz
Foi pro hospital
Tomar sonrisal
Oh meu bom Jesus
Que a todos conduz
Olhai as crianças
Do nosso Brasil
Vamos decretar uma lei
Que se cumpra
É proibido adulto estragar a criança
É proibido criança não ser mais criança