O Palhaço

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Inês Abrantes | Fortaleza CE
Respeitável público
Ser palhaço
É assumir o riso
Como libertação
Entender o ridículo
Como virtude

Encontrar-se a si mesmo
No risco de perder-se
E na magnitude
Desse encontro
Render-se mais uma vez
Ao riso

Largar-se no picadeiro
Ao infinito de estrelas
Ou à lona
Num chão de giz
Sob olhos atentos
Gargalhadas infantis

E o clap clap frenético
Das palmas
Que fazem dele
Somente um palhaço feliz
A equilibrar-se num monociclo
Sem guidão
Sobre a corda bamba
De um velho circo

Ou a refestelar-se
Sem vergonha alguma
No chão
Porque ele é palhaço
Ah, e tem sempre
Algum balão
Arcoirisando os ares
Ele a ondular-se

No colorido de seus malabares
Ergue-se cada vez mais alto
No picadeiro
A plateia aflita
Espera um salto
Que pode ser mortal

Soam os tambores
Ele sorri
E arremessa o chapéu
De várias cores
Então o palhaço
Como um anjo voa
Em direção ao céu
Sim, porque ele é imortal!

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