Copa

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Magno Junior | Ribeirão Pires SP
Na copa da árvore de dinheiro,
no topo do mundo,
a fruta nacional,
selecionada,
plantada há anos,
cara, exportada,
tem gosto ruim
de água amarga
que canário não bebe,
mas que escorre da taça
e rega e embriaga a raiz:
o povo.

Acostumada à má qualidade
e à escassez,
a raiz ingere derrotas diariamente;
no piso há humildade e umidade,
que não são tocadas pelos pés
dos vários canários exportados
e dos líderes urubus congressistas,
que voam livremente
por outros caminhos,
galhos e ares,
sem gaiolas nem tetos.

Há diversos ninhos,
de pássaros e serpentes,
nessa árvore que cresce mal,
sob machadadas
e agrotóxicos entorpecentes.
A própria fruta nacional
tem um sabor diferente,
ilusório, artificial,
e está cheia de larvas e vermes
no seu interior,
mas nada disso é visto,
os olhos estão no externo,
no alto, no topo,
na copa da árvore.

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